Na psicanálise relacional, a ênfase é sobre o processo, implicando duas pessoas e a importância da noção de mudança: o que faz com que alguém possa mudar, fazendo análise?
Cada vez mais, os profissionais se deparam com dificuldades nas situações clínicas que não podem mais ser resolvidas com as abordagens, conceitos e teorizações tradicionais. Um desejo “de outra coisa” está surgindo nos jovens cuja formação tradicional não consegue mais dar os requisitos necessários aos encontros clínicos.
Além dos fenômenos de modismo ou de “roupagem nova” de ideias antigas, a psicanálise relacional oferece um campo aberto de elaboração da clínica cotidiana a partir das vivências de cada profissional no seu consultório, ou instituição onde trabalha. A(s) mudança(s) são pensadas como acontecendo em ambos os lados, da analisanda/analista. As vivências da analista são partes integrantes do processo e não automaticamente consideradas como elementos patológicos a ser analisados na análise pessoal ou na supervisão. Neste contexto a auto-revelação e as encenações podem favorecer o processo, dependendo dos contextos e das trajetórias consideradas.
A dimensão “relacional” vai além das noções de intersubjetividade, de interpessoal, de alienação, de relação de objeto, de rêverie, de identificação projetiva ou de espaço transicional sem por isso negar ou recusar os avanços que esses conceitos propiciaram. A matriz relacional consiste em posições diferenciadas de cada profissional sobre as questões do intrapsíquico, do outro e daquilo que existe e/ou acontece no processo.
Deste ponto de vista, a psicanálise relacional não é uma escola, com uma teoria unitária do psiquismo, do inconsciente, da técnica ou da formação dos analistas. Ela existe como um movimento estruturado em rede, com a International Association for Relational Psychoanalysis and Psychotherapy, associação internacional como lugar de troca e de trabalho das várias vertentes da psicanálise atual.
Além do foco sobre o encontro de duas pessoas no dispositivo analítico, os autores que vinculam seu trabalho à psicanálise relacional costumem ter algumas áreas de elaboração em comum, moduladas de maneiras diferentes em função do pensamento de cada um:
Essa abordagem se apresenta como work in progress e várias questões estão elaboradas nas publicações atuais: Como escrever a clínica de uma nova maneira? Como elaborar e trabalhar as questões da encenação e da auto-revelação?
Psicólogo e psicanalista trabalha em consultório e instituições públicas de saúde mental há mais de 20 anos. Membro IARPP (International Association for Relational Psychoanalysis and Psychotherapy), membro da associação belga “Le Questionnement Psychanalytique”. Publicou o “Index Référentiel du séminaire de Jacques Lacan, 1952-1980”, “Para uma nova definição do espaço clínico” e Estudos de Psicanálise Relacional, 2020″.
Somos um grupo de profissionais interessados na psicanálise e psicoterapia relacionais. Nosso alvo é o estudo, a pesquisa, o desenvolvimento e o ensino das ideias do movimento relacional no Brasil.
Os interessados em estudar psicanálise relacional podem entrar em contato via email: contato@psirelacional.com.br