Ano: 2015

ISBN: 978-65-86711-01-1

Autor: Carlos Nemirovsky

• Resumo:

  A psicanálise é um produto da cultura, isto implica que se vão sucedendo inovações na teoria, na técnica e na concepção dos diagnósticos e na psicopatologia, a fim de dar conta de problemáticas que resultam moldadas por nossa organização social, por nossos costumes. Os diferentes olhares da clínica psicanalítica atual postulam diversas hipóteses sobre o desenvolvimento do psiquismo. Cada autor e cada escola, propõe modelos – perspectivas – para compreender e explicar os fenômenos iniciais da vida psíquica que teriam incidência na organização mental do adulto. No século passado, Freud elege o mito de Édipo e suas consequências na estruturação do psiquismo. Um mito se caracteriza por suas múltiplas versões e por suas variações da época, que é visto/construído com os materiais selecionados pelo ponto de vista do observador. Em nossos dias necessitamos conceitualizações que considerem os novos fenômenos clínicos, derivados dos pacientes que hoje assistimos, dando conta das demandas registradas dentro, fora e nos limites de nosso trabalho. Tentamos desenvolver conceitos teóricos para explicarmos expressões tão inefáveis quanto recorrentes, como as que nos transmitem nossos pacientes, entre perplexos e angustiados, quando se percebem irreais, vazios, estranhos, frágeis, inexistentes, não desejantes, com dúvida sobre sua identidade, acusados por sentimentos de futilidade, apáticos e anestesiados. A clínica com nossos pacientes complexos convoca especialmente a estes autores, já que suas concepções estão sempre ligadas à prática “artesanal” do consultório, em intimidade com os eixos empíricos, resultando operativos e possibilitadores de aberturas. O pensamento destes autores nos remete a refletir sobre as motivações do psiquismo, as origens da nossa subjetividade.